Com a presença do vice-governador do Estado, Professor Mateus Simões, a Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) sediou na noite desta quinta-feira (25/7) o lançamento do primeiro arroz doce industrializado. Produzido e comercializado pela Portuense Condimentos, o produto é inovador, uma vez que não utiliza conservantes, tem validade de 12 meses e não demanda refrigeração.
A ideia de produzir o arroz doce pronto para consumo foi do empresário e presidente do Sindicato da Indústria de Arroz do Estado de Minas Gerais (Sindarroz), Jorge Tadeu Araújo Meirelles. E para viabilizar a comercialização e distribuição da iguaria pelos supermercados, o projeto contou com a parceria da Condimentos Portuense, indústria do setor alimentício da cidade de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. Já para o desenvolvimento do produto, a iniciativa contou com pesquisa do Centro de Inovação e Tecnologia (CIT SENAI).
“O arroz doce veio de uma ideia do Jorge Tadeu, que queria fazer um produto que a gente pudesse espalhar pelo Brasil e pelo mundo, mantendo as tradições mineiras. E para isso foi feita uma parceria com o CIT SENAI para que o produto fosse desenvolvido em laboratório. E, quando o produto chegou para experimentarmos, ele tinha validade de seis meses, o que para estocagem é um prazo muito curto. Então, começamos a estudar e concluímos pela substituição da baunilha utilizada na receita pela canela, que inclusive tem muito a ver com arroz doce. E isso foi uma das coisas que ajudou na conservação do produto porque a canela também é uma goma e aí não precisamos adicionar conservante nenhum, além de garantir maior tempo de validade ao arroz doce”, contou Flávia Gonzaga, proprietária da Portuense e presidente do Sindicato das Indústrias de Alimentação de Juiz de Fora.
Também presente no lançamento do produto, o idealizador do arroz doce industrializado falou da emoção de ver sua ideia se materializar. “É uma emoção muito grande estar aqui porque a gente fez um investimento, tínhamos a intenção de lançar um produto diferente e o pessoal do CIT acreditou no projeto. Tudo isso fez com que chegássemos ao que temos hoje: um arroz doce que não precisa de refrigeração, um ano de durabilidade sem conservantes e um produto genuinamente mineiro”, destacou Jorge Tadeu Araújo Meirelles.
Em seguida, o presidente da FIEMG destacou o associativismo como forma de impulsionar a indústria mineira, exemplificando justamente com a parceria entre o Sindarroz e a Portuense Condimentos. “A inovação é feita quando há convergência e troca de ideias, e acho que esse caso aqui mostra como nossas entidades de classe são casas que permitem inovação e agregação de valor. O Jorge Tadeu tinha uma ideia e, enquanto presidente do Sindicato do Arroz, tinha uma frustração porque não havia arroz doce industrializado, que é um produto mineiro. E um dos motivos de não existir o produto era justamente o prazo de validade. Ou então, quando se fazia um produto com durabilidade, perdia-se qualidade e sabor. Então, ele me apresentou um projeto para que o CIT desenvolvesse essa tecnologia. Porém, desenvolvida a tecnologia, ainda havia um outro desafio que era alguém da indústria de alimentos para incorporar o projeto e investir na ideia em conjunto com o Sindarroz. E aí, o Jorge Tadeu encontrou a Flávia aqui na FIEMG, trocaram ideias e a Flávia topou o desafio e, inclusive trazendo outras ideias e enriquecendo o projeto”, destacou.
O presidente da FIEMG falou também sobre a importância da industrialização de produtos tipicamente mineiros. “Eu acredito que a gente está industrializando a mineiridade e possibilitando que pessoas que não venham a Minas Gerais tenham acesso aos nossos produtos”, concluiu.
Já o vice-governador Professor Mateus Simões também reforçou o que chamou de ‘envasamento de mineiridade’ e retomada do orgulho de ser mineiro, mas concentrou seu discurso em parabenizar o Sistema Indústria pelos resultados obtidos por meio do trabalho em pesquisa e desenvolvimento realizado pelo CIT SENAI. “Por muitas décadas no Brasil e poucos séculos no mundo, a pesquisa e desenvolvimento era uma atividade interna do ambiente industrial. Isso, obviamente, limitou a capacidade exponencial de desenvolvimento tecnológico de nossas indústrias. E, já há algumas décadas, alguns setores começaram a perceber o valor da colaboração inovativa. O setor de serviços em tecnologia talvez tenha percebido essa janela um pouco antes. Mas, fico muito feliz de ver que a indústria, em cada vez mais setores, também tem percebido isso”, pontuou.
“E não estou falando em inovação aberta, mas sim de inovação colaborativa, que pode ser fechada. Eu sou um grande defensor da propriedade intelectual e acho que as proteções são importantíssimas para gerar novos investimentos. Mas, a colaboração no desenvolvimento de novos produtos e novas formas de industrialização é muito importante para que a gente ganhe velocidade e abrangência de aplicação. Eu vou vaticinar uma coisa aqui: nós teremos a aplicação do mesmo estudo do desenvolvimento do arroz doce em outros produtos ao longo dos próximos anos. E não estou fazendo isso por cartomancia, mas é porque eu tenho certeza de que o que foi extraído pela indústria de aprendizado de como aumentar um shelf-life de um cereal cozinho com base láctea e açúcar vai ser aplicado a uma série de outras coisas e isso vai nos ajudar a ter mais produto e agregar mais valor para nossa economia e nossa indústria” completou.
O vice-governador também destacou o associativismo e a atual gestão da FIEMG como fundamentais para a colaboração na indústria mineira. “Termino dizendo que para nós de Minas Gerais é um orgulho tremendo saber que o nosso Sistema Indústria é um sistema. E quando falo Sistema Indústria não falo só da FIEMG, SESI e SENAI, mas também das próprias indústrias e dos sindicatos porque acho que a gente aprendeu a funcionar como uma rede colaborativa de desenvolvimento econômico para as indústrias e, a partir daí, para a sociedade mineira”, afirmou.
Pesquisa e inovação
Entre as pesquisas realizadas pelo CIT estiveram aquelas para ampliar a durabilidade do produto, que atualmente é de 12 meses, além do desenvolvimento de técnicas para a fabricação do arroz doce, de forma que ele pudesse ser acondicionado sob a temperatura ambiente (shelf-stable), o que facilita a logística e a distribuição do produto.
Além disso, o tipo de leite, o tipo do açúcar, a quantidade de cada ingrediente, o ponto do cozimento do arroz, entre outros detalhes que foram remanejados e testados entre si pelo CIT geraram a receita que contou com uma avaliação sensorial com 84 provadores com 77% de intenção de compra. Ao longo do processo, foram mais de 30 formulações desenvolvidas para que a cremosidade, textura e coloração fossem atingidas e aprovadas pela equipe envolvida.
Design
O CIT também atuou no desenvolvimento do design do produto, cujo objetivo era associar a sobremesa ao conceito e sensação de lar, reunião em família e casa de vó. Essa identidade foi criada pelo Centro de Design do CIT que, além da questão afetiva, tinha como desafio chamar a atenção das pessoas para o produto, fazendo-as reconhecer que é arroz doce, já que não é comum encontrar a sobremesa em um local não refrigerado.
Cada cor da paleta criada especificamente para o arroz doce tem uma referência específica: o azul se remete aos casarões coloniais, o caramelo é referente à canela, e os tons de marrom associam-se a fogão a lenha, a madeira ou até mesmo o ‘queimadinho’ trazido por algumas receitas. Assim, reunidos de uma forma criativa, estes ícones conseguiriam acessar memórias e boas lembranças do passado.
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